RESUMOS

Palestra 23/04: Quando foi o Sexo Inventado? O Nascimento do “Sujeito Desejante” na Antiguidade Greco-Romana. É o sexo biológico ou um construto sociocultural cujo nascimento pode ser datado com alguma precisão no devir histórico? A obra do pensador francês Michel Foucault influenciou a historiografia contemporânea ao propor que o sexo não fora experimentado de maneira universal em diferentes culturas através dos séculos. Foucault, por exemplo, sugeriu que o sexo era apenas mais uma atividade humana com fins de elucidação das relações de força, gênero e prestígio na Grécia Antiga. Nesse sentido, o sexo e o seu cuidado em nada diferiu do cuidado que o Grego teve com a alimentação, com a dieta e com os costumes de mesa — a etiqueta relativa a como, quando e com quem comer. Em que momento então o sexo — no sentido de identidade, mas também quanto ao gênero e o sexo biológico daqueles com quem me deito — se transforma na experiência que me autoriza e inventa enquanto Sujeito?

​

Palestra 24/04: “É o sexo natural e bom?”: A Problemática do Prazer Sexual e do Eros no Judeu-Cristianismo Antigo A palestra investiga a genealogia da ideia de que o sexo se justifica como veículo de procriação apenas. Dr. Ribeiro vai contra propostas recentes que sugerem que a ética sexual Judaico-Cristã do procriacionismo é um empréstimo do Neopitagorismo e do movimento antierótico do mundo Greco-Romano — procriacionismo, largamente disseminado no Medievo Cristão, que viu a justificativa do sexo apenas como meio para procriação, propondo portanto que esse fora esvaziado da experiência do prazer e do erótico. Há no Judeo-Cristianismo antigo uma problemática marcadamente descontinuada com a ética sexual Greco-Romana no tocante aos sentimentos e emoções experimentados no ato sexual. Se o Estoicismo Romano propôs o cuidado de Si quanto às emoções veementes, o prazer incluso, nem o sexo, nem o orgasmo, nem a excitação sexual foram matérias de ansiedade na tradição moralista que independe do Cristianismo. Ainda, a tradição médica antiga testemunhada no Corpus Hipocrático e em Galeno (ca. 129-216 CE) fora enfática sobre a necessidade do prazer sexual e do orgasmo como condições sine qua non para a fabricação do sêmen feminino, e portanto, para a concepção. De onde então e como entender a ideia que vem a se tornar corrente no Judeo-Cristianismo antigo, de que o casal na unidade familiar deveria buscar o sexo esvaziado do prazer, justamente com o intuito de procriar?

​

Roda de Debates 25/04: A Religião e seus Afetos A religião é uma experiência profundamente afetiva. Até aí essa afirmação não traz nada de novo, e desde William James o estudo científico da religiosidade vem notando a religião dos afetos internos e das experiências íntimas. Novas pesquisas sobre as emoções vêm no entanto problematizando o Cartesianismo que enclausura os afetos dentro do sujeito. As emoções e os afetos são também entidades políticas e públicas, circulando entre sujeitos e signos, formando a superfície onde subjetividades, laços ideológicos e coletividades podem emergir. A mesa redonda visa fomentar o debate sobre o papel dos afetos e das emoções, entendidos também como entes públicos, nas sua correlações com o religioso e o político.